Monday, December 30, 2013

Best of 2013: an ode to Miley Cyrus

Best Album of the Year
Miley Cyrus "BANGERZ"
2013 foi definitivamente o ano de Miley Cyrus. Não só porque a artista norte-americana, em tempos sensação teen, relançou a sua carreira musical com um novo som e nova imagem, mas também porque a Miley se tornou a popstar mais falada do planeta (pelas melhores ou piores razões, dependendo da perspectiva). Depois de uma ausência de alguns anos, a Legend M voltou ao estúdio para trabalhar com os produtores Pharrell Williams e Mike Will Made It. Destas sessões nasceu "Bangerz" o álbum que viria a lançar em Outubro. De avanço teve o single "We Can't Stop", cujo vídeo quebrou recordes de visualizações no YouTube, e servia assim de cartão de visita para esta nova era da Miley. Um novo cabelo, um noivado falhado, uma atitude irreverente, sexy, polémica e musicalmente refrescante e inovadora, é assim que ela surge. Na pausa que fez na sua carreira musical, com a qual intercalou alguns filmes e séries de televisão, Miley aproveitou para crescer e amadurecer a sonoridade com a qual se identificava. Numa recente entrevista revelou que se antes pensava ser uma rock star, agora identifica-se muito mais com o hip-hop. Apesar da chuva de críticas, acusações de falta de coerência, a Miley fez apenas o que qualquer adolescente/jovem faz: mudar. Mudar de ideias, mudar de visão, mudar de imagem. Se virmos fotografias de há anos atrás, certamente já não nos identificamos com o que éramos. Essas metamorfoses são muito mais rápidas dos 16 para os 21 e óbvio que se ela tem uma exposição pública enorme, cada etapa é avaliada pelos olhares de quem vê de fora e prefere não entender que é um processo normal da idade, pelo qual todos passamos. Nas minhas aulas de história de arte, dei que os pintores antigamente queimavam os seus trabalhos iniciais por não se reverem neles e por acharem que estavam maus, anos mais tarde os artistas reinventam-se. No caso da Miley, sofre o preconceito de ter interpretado o papel de Hannah Montana numa série juvenil do mesmo nome. Por vezes, quando falam em Hannah Montana eu até sinto vontade de revirar os olhos, lembro-me daquelas actrizes brasileiras que foram vilãs em novelas e que depois dizem que sofrem de agressões na rua porque as pessoas não separam a realidade da ficção e acham que elas são tão vis quanto os personagens a que deram vida. Ora bem, a Miley deu vida à insípida Hannah Montana durante anos a fio e de certa forma isso absorveu a sua personalidade artística. Custa-me a crer que as pessoas, informadas e com o mínimo de cultivo intelectual, continuem a prolongar o estigma ridículo da Hannah Montana. They simply can't get over it ou então é mesmo pelo puro gosto de embirrar, o que é igualmente incompreensível. Bom, mas estou aqui é para falar do álbum. Depois de tantas mudanças, Miley conseguiu transpor para a música aquilo que sentiu e viveu, o que a inspira no momento e faz precisamente aquilo que lhe apetece, seja isso fazer twerk, estar despida em cima de uma bola de demolição, deitar a língua de fora e tudo mais. É isso de que se trata "Bangerz", a consolidação da maior estrela pop da actualidade. Miley Cyrus mostra a versatilidade vocal em canções excepcionais como "FU", "Adore You" ou "Wrecking Ball", o incrível dueto upbeat com a Britney "SMS (Bangerz)" e os diversos featurings com rappers como Future, Big Sean, French Montana, Nelly e Ludacris. A diversidade lírica e musical, a miscigenação de géneros, a fuga às tendências EDM que inundam o pop actual, fazem de "Bangerz" uma obra coesa, irreverente, fresca e por isso mesmo o melhor disco de 2013. 


Best Song of the Year
Miley Cyrus "WE CAN'T STOP"

Quando foi lançada em Junho tornou-se imediatamente um hino para mim e ouvi-a o Verão inteiro. Disparou imediatamente para o lugar cimeiro do top do meu iTunes, onde permanece até ao momento presente. Enquanto todos esperavam uma música pop genérico, a Miley sambou na cara do universo com um tune upbeat mas completamente diferente de tudo o que se tem ouvido nos últimos tempos. Já para não falar que, a acompanhar, lançou um vídeo que se tornaria um hit no tumblr e dos mais visualizados do ano.


Best Music Video of the Year
Miley Cyrus "WRECKING BALL"

Visualmente a Miley tornou-se uma artista icónica. Hoje em dia não há quem pense em línguas de fora, bolas demolidoras ou twerk e não associe imediatamente à Miley. Foi inclusive graças a ela que a palavra twerk entrou oficialmente no dicionário Oxford. Todavia, o momento mais icónico foi mesmo a imagem de Miley Cyrus em cima da "Wrecking Ball", o segundo single do seu recente trabalho. Foi uma música suprema e o vídeo realizado pelo genial Terry Richardson esteve à altura, principalmente pela interpretação literal da letra da canção. Miley despiu-se, mostrou-se vulnerável, lambeu um martelo, destruiu paredes, baloiçou na bola demolidora e de repente as visualizações do vídeo dispararam. Recordes foram quebrados. Paródias foram feitas. Até imagens da Miley se viram penduradas nas árvores de Natal. É verdade... e podem acusá-la de querer 'chamar à atenção' ou 'querer ser falada a todo o custo', a verdade é que ela está a fazer o que gosta, está a divertir-se e não se está a levar demasiado a sério, ao contrário do resto do mundo que aponta o dedo. Ao menos é falada, tem sido #1 um pouco por todo o mundo e as vendas de "Bangerz" têm sido satisfatórias. Uma enorme conquista para quem em tempos foi uma personagem. E desenganem-se se acham que ela quer 'divorciar-se' da imagem de Hannah Montana, ela há muito tempo que se desapegou dela, já lá vão 3 álbuns e 1 EP desde que terminou as gravações dessa série. Há que aceitar o facto de que ela faz o mesmo que qualquer cantora fez a determinada fase da sua carreira: descobre a sua sexualidade, torna-se mulher e sente-o na sua forma mais pujante e excessiva. E isso não é necessariamente mau, muito pelo contrário, é disso que se trata o entretenimento. Eu prefiro ser surpreendido e chocado do que ficar aborrecido, e isso claramente a Miley não é.


Best Live Performance of the Year
Miley Cyrus "We Can't Stop/Blurred Lines" @ MTV VMAs

Claro que fazer uma retrospectiva do ano não faz sentido se não referirmos a infame performance da Miley nos MTV Video Music Awards que decorreram em Brooklyn no final do Verão. A cantora saiu de dentro de um urso de peluche gigante, a vestir um body que recriava igualmente outro urso de peluche, e arrasou com uma actuação vibrante do single "We Can't Stop". Dançou, deu palmadas no rabo de uma das suas dançarinas, deitou a língua de fora e foi polémica ao conjugar os supostos elementos geralmente associados à infância (peluches) com uma atitude sexy e ousada, a apelar à sexualidade e à diversão. De seguida, despe-se, fica com uma espécie de bikini de látex cor de pele e começa a interpretar um dos maiores êxitos do ano "Blurred Lines", com Robin Thicke. Se não bastava a atitude electrizante do início da performance, a Miley ainda deixou as pessoas de queixo mais caído ao twerkar com o rabo espetado para Robin Thicke. A ajudar à festa ainda deu um uso muito pervertido a um dedo de esponja gigante que envergava numa das mãos. Claro que as mentes conservadoras levaram logo as mãos à cabeça e afiaram as línguas para acusar a Miley de mau exemplo para as crianças. Mas que crianças? É que ela não está aqui para ser um exemplo para ninguém, não foi isso a que se propôs e obviamente o público dela já não é o do Disney Channel, mas isso ainda custa a entrar na cabeça das pessoas que acham que ela como foi uma menina Disney uma vez, tem que ser para o resto da vida. Já estou a imaginar a Miley com 80 anos com uma bengala e as pessoas a dizer "OMG usar bengala não é exemplo para os jovens que podem usar o objecto para se agredirem!!!! A Miley é um mau exemplo!!!!!". Os VMAs eram para ser supostamente o grande regresso da Lady Gaga às performances, mas essa foi eclipsada por completo pela Miley que deu que falar durante semanas a fio, imagens dela proliferaram por toda a internet e pelos noticiários do mundo todo. Publicidade grátis... o que nunca é demais visto que é promoção para a qual a editora discográfica não tem que desembolsar um único tostão. Mesmo que não seja um bom exemplo ou uma role model, a Miley é certamente um génio do marketing!


Biggest Flop of the Year
"BRITNEY JEAN" vs. "ARTPOP"

Eu nem sei por onde começar, quando se trata de falar dos flops eu até tenho pena. Enfim! Britney Spears e Lady Gaga, dois dos nomes incontornáveis no panorama musical, lançaram os respectivos projectos este ano: "Britney Jean" e "ARTPOP". Verdadeiras desilusões em todos os prismas. O primeiro (precedido pelo épico single "Work Bitch") foi a maior desgraça do ano e da carreira da Britney. A reunião da eterna princesa da pop com 'amigo', e produtor executivo do álbum, Will.I.Am não seguiu a tendência de "Scream & Shout" e foi um fracasso de vendas. Em parte devido à falta de promoção, "Britney Jean" (o suposto álbum mais pessoal da cantora até à data) falha pois não cria uma ligação com o público no geral. Se "Work Bitch" tinha tudo para ser uma das músicas mais marcantes do ano, o facto de não ter tido uma única performance fez com que o desempenho ficasse aquém do esperado. Hoje em dia, só o nome 'Britney Spears' não vende. As pessoas e os fãs têm de a ver actuar, têm de sentir que existe um esforço por parte do artista que gostam e isso não aconteceu. Mas pelos vistos não houve qualquer tipo de preocupação e esse desinteresse da Britney, que já vem a ser demonstrado há muito tempo, reflecte-se obviamente no desempenho comercial e na carreira da princesa do pop. Muito honestamente, ela está mais virada para ser mãe do que propriamente ser a popstar mais relevante do planeta como chegou a ser há anos atrás. As canções no geral não foram inovadoras, se em tempos Britney e os seus produtores foram trendsetters neste momento seguem eles algumas tendências que estão prestes a cair em desuso, como por exemplo o excessivo EDM. O álbum foi forjado à pressa com a promessa de um espectáculo grandioso em Las Vegas. Foi anunciada essa residência de 2 anos no mesmo local, o que para Britney caiu que nem ginjas. Só o facto de não ter que fazer uma tour mundial, até a deixou mais confortável. Sempre tem mais tempo para ir ao seu Starbucks e para ficar bored, como ela recentemente revelou que gosta de estar de vez em quando. Quem diria?!
Já com Lady Gaga aconteceu precisamente o oposto: ela falou do álbum até à exaustão, performou vezes sem conta, prometeu uma obra de arte moderna e no final não foi mais do que um flop dos grandes. Pois é, "ARTPOP" foi uma desilusão, primeiro porque musicalmente não ofereceu nada de novo nem de relevante, depois porque a visão artística de Gaga perdeu o leme. Cheia de si própria e pretensiosa como só ela, tentou gerar um hype em torno de um álbum dito "revolucionário" e nisso falhou redondamente. A inspiração que teve em tempos e o factor surpresa de qualquer aparição pública desapareceram com a dissolução de Haus of Gaga, a equipa que lhe criou os looks mais icónicos e a estética espalhafatosa pela qual é conhecida. Agora qualquer tentativa de surpreender não passa de simples desespero. Ela tentou de tudo e é natural que o tenha feito, uma vez que deve sentir nos ombros o peso dos milhares de dólares que a sua discográfica investiu num projecto que depois não deu frutos. Pelo menos tenta, pena que não resulte. 

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