Friday, June 4, 2010

I'm done, smoking gun...

O cinzeiro está cheio de cinzas e beatas dos cigarros que fumei enquanto esperava por ti. Esperei em vão porque nunca apareceste e foi preciso estar sem ti para perceber que afinal eu conseguia estar sozinho. Nenhuma das tuas peças completou o meu puzzle. Eu tinha as peças todas dentro de mim, mas nunca as tinha encontrado. Andei-me a enganar por pensar que contigo o mundo fazia sentido, por pensar que contigo o sol brilhava mais forte.

Agora estou aqui sentado. E não, já não estou à tua espera, se é isso que estás a perguntar. Não preciso de ti para ser feliz, até porque nunca me conseguiste surpreender. Nunca te entregaste e nunca foste capaz de retribuir aquilo que senti por ti. Fiquei vazio e esperei. Esperei até ao dia em que a minha consciência voltou e me trouxe de volta ao meu chão. Olhei para mim e não me reconheci do tão pouco que restou. Tu levaste aquilo que havia para levar e eu declaro-me culpado por me ter perdido nesta estrada inútil, que não me leva a lado nenhum mas que me tira as forças que eu tenho e as que não tenho.

Não é sequer possível contar a vezes que adormeci e acordei a pensar em ti. A pensar como era estar ao teu lado, a olhar as tuas fotografias e a encontrar detalhes pelos quais me apaixonei. Detalhes que não estavam lá, detalhes que a minha cabeça criou para que fosse mais fácil amar-te. Os dias eram folhas de um livro aborrecido, cujas páginas custam a acabar de ler. Não passavam. Arrependo-me de não ter percebido mais cedo que existiam outros livros para ler, livros que sempre estiveram ali. Mas eu insisti em ler aquele. Aquele livro difícil e indolente.


Acendo mais um cigarro, que me vai ajudar a procurar dentro de mim aquilo que eventualmente deixaste. Uma memória, uma palavra, um momento… nada. Não encontro nada. Nunca me olhaste da maneira certa. Nunca me tocaste. Nunca me sentiste. Não vais conhecer o meu cheiro. Nem terás o prazer de saber se as minhas lágrimas são salgadas.

Apaguei o cigarro e levantei-me. Fui até à porta, abri-a e saí. Não olhei para trás e sinceramente não me arrependi. Fechei a porta com força e perguntei-me a mim mesmo se tinhas valido a pena. Não, não conseguiste tornar-te na pessoa que desenhei com lápis de cor na minha cabeça. Agora vou procurar um novo livro, com um novo puzzle porque o meu coração ficou em cinzas, dentro do cinzeiro da casa que um dia foste e à qual nunca mais vou voltar. Foi simples e não precisei de dizer adeus. Foi como se nunca tivesse lá entrado.

7 comments:

sara said...

escusado será dizer que adorei. estás vivo! volta então, que eu estou cheia de saudades *

Rita Lopes said...

Pois...que te dizer:) estou contigo nesta, tal e qual! E por mais destroyed que esteja acredito que ha alguem que vai merecer tudo o que tenho de bom e conseguir aturar o mau ;)Same applies to you my dear!!! Alguem assim nao e de desperdicar! (nao tenho acentuacao neste teclado)

Anonymous said...

quem é vivo sp aparece, saudades dos seus comentarios e das trocas de ideias/opinioes.

gostei deste texto,o amor faz-nos sofrer,mas eu cheguei à conclusao que ng merece que estejamos mal.bj :)

Jay said...

que lindo, mesmo lindo. escreves tão bem, é pena postares só de vez em quando e não mais frequentemente :)

B! said...

Adorei! Podia fazer um reblog de tudo isto e mudar apenas de masculino para feminino. Tiraste-me as palavras da boca...palavras que ainda não tive coragem de dizer, mas o meu orgulho anda tão zangado comigo que acho que está mesmo a chegar a altura. Até lá tenho aqui preto no branco tudo o que devo dizer...

Munky_P said...

Perfect :D

IsauraQuevedo said...

isto deixou-me sem palavras, adoro a maneira como escreves. Wow tou completamente de boca aberta