Best Album of the Year
Miley Cyrus "BANGERZ"
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2013 foi definitivamente o ano de Miley Cyrus. Não só porque a artista norte-americana, em tempos sensação teen, relançou a sua carreira musical com um novo som e nova imagem, mas também porque a Miley se tornou a popstar mais falada do planeta (pelas melhores ou piores razões, dependendo da perspectiva). Depois de uma ausência de alguns anos, a Legend M voltou ao estúdio para trabalhar com os produtores Pharrell Williams e Mike Will Made It. Destas sessões nasceu "Bangerz" o álbum que viria a lançar em Outubro. De avanço teve o single "We Can't Stop", cujo vídeo quebrou recordes de visualizações no YouTube, e servia assim de cartão de visita para esta nova era da Miley. Um novo cabelo, um noivado falhado, uma atitude irreverente, sexy, polémica e musicalmente refrescante e inovadora, é assim que ela surge. Na pausa que fez na sua carreira musical, com a qual intercalou alguns filmes e séries de televisão, Miley aproveitou para crescer e amadurecer a sonoridade com a qual se identificava. Numa recente entrevista revelou que se antes pensava ser uma rock star, agora identifica-se muito mais com o hip-hop. Apesar da chuva de críticas, acusações de falta de coerência, a Miley fez apenas o que qualquer adolescente/jovem faz: mudar. Mudar de ideias, mudar de visão, mudar de imagem. Se virmos fotografias de há anos atrás, certamente já não nos identificamos com o que éramos. Essas metamorfoses são muito mais rápidas dos 16 para os 21 e óbvio que se ela tem uma exposição pública enorme, cada etapa é avaliada pelos olhares de quem vê de fora e prefere não entender que é um processo normal da idade, pelo qual todos passamos. Nas minhas aulas de história de arte, dei que os pintores antigamente queimavam os seus trabalhos iniciais por não se reverem neles e por acharem que estavam maus, anos mais tarde os artistas reinventam-se. No caso da Miley, sofre o preconceito de ter interpretado o papel de Hannah Montana numa série juvenil do mesmo nome. Por vezes, quando falam em Hannah Montana eu até sinto vontade de revirar os olhos, lembro-me daquelas actrizes brasileiras que foram vilãs em novelas e que depois dizem que sofrem de agressões na rua porque as pessoas não separam a realidade da ficção e acham que elas são tão vis quanto os personagens a que deram vida. Ora bem, a Miley deu vida à insípida Hannah Montana durante anos a fio e de certa forma isso absorveu a sua personalidade artística. Custa-me a crer que as pessoas, informadas e com o mínimo de cultivo intelectual, continuem a prolongar o estigma ridículo da Hannah Montana. They simply can't get over it ou então é mesmo pelo puro gosto de embirrar, o que é igualmente incompreensível. Bom, mas estou aqui é para falar do álbum. Depois de tantas mudanças, Miley conseguiu transpor para a música aquilo que sentiu e viveu, o que a inspira no momento e faz precisamente aquilo que lhe apetece, seja isso fazer twerk, estar despida em cima de uma bola de demolição, deitar a língua de fora e tudo mais. É isso de que se trata "Bangerz", a consolidação da maior estrela pop da actualidade. Miley Cyrus mostra a versatilidade vocal em canções excepcionais como "FU", "Adore You" ou "Wrecking Ball", o incrível dueto upbeat com a Britney "SMS (Bangerz)" e os diversos featurings com rappers como Future, Big Sean, French Montana, Nelly e Ludacris. A diversidade lírica e musical, a miscigenação de géneros, a fuga às tendências EDM que inundam o pop actual, fazem de "Bangerz" uma obra coesa, irreverente, fresca e por isso mesmo o melhor disco de 2013.
Best Song of the Year
Miley Cyrus "WE CAN'T STOP"
Quando foi lançada em Junho tornou-se imediatamente um hino para mim e ouvi-a o Verão inteiro. Disparou imediatamente para o lugar cimeiro do top do meu iTunes, onde permanece até ao momento presente. Enquanto todos esperavam uma música pop genérico, a Miley sambou na cara do universo com um tune upbeat mas completamente diferente de tudo o que se tem ouvido nos últimos tempos. Já para não falar que, a acompanhar, lançou um vídeo que se tornaria um hit no tumblr e dos mais visualizados do ano.
Best Music Video of the Year
Miley Cyrus "WRECKING BALL"
Visualmente a Miley tornou-se uma artista icónica. Hoje em dia não há quem pense em línguas de fora, bolas demolidoras ou twerk e não associe imediatamente à Miley. Foi inclusive graças a ela que a palavra twerk entrou oficialmente no dicionário Oxford. Todavia, o momento mais icónico foi mesmo a imagem de Miley Cyrus em cima da "Wrecking Ball", o segundo single do seu recente trabalho. Foi uma música suprema e o vídeo realizado pelo genial Terry Richardson esteve à altura, principalmente pela interpretação literal da letra da canção. Miley despiu-se, mostrou-se vulnerável, lambeu um martelo, destruiu paredes, baloiçou na bola demolidora e de repente as visualizações do vídeo dispararam. Recordes foram quebrados. Paródias foram feitas. Até imagens da Miley se viram penduradas nas árvores de Natal. É verdade... e podem acusá-la de querer 'chamar à atenção' ou 'querer ser falada a todo o custo', a verdade é que ela está a fazer o que gosta, está a divertir-se e não se está a levar demasiado a sério, ao contrário do resto do mundo que aponta o dedo. Ao menos é falada, tem sido #1 um pouco por todo o mundo e as vendas de "Bangerz" têm sido satisfatórias. Uma enorme conquista para quem em tempos foi uma personagem. E desenganem-se se acham que ela quer 'divorciar-se' da imagem de Hannah Montana, ela há muito tempo que se desapegou dela, já lá vão 3 álbuns e 1 EP desde que terminou as gravações dessa série. Há que aceitar o facto de que ela faz o mesmo que qualquer cantora fez a determinada fase da sua carreira: descobre a sua sexualidade, torna-se mulher e sente-o na sua forma mais pujante e excessiva. E isso não é necessariamente mau, muito pelo contrário, é disso que se trata o entretenimento. Eu prefiro ser surpreendido e chocado do que ficar aborrecido, e isso claramente a Miley não é.
Best Live Performance of the Year
Miley Cyrus "We Can't Stop/Blurred Lines" @ MTV VMAs
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Claro que fazer uma retrospectiva do ano não faz sentido se não referirmos a infame performance da Miley nos MTV Video Music Awards que decorreram em Brooklyn no final do Verão. A cantora saiu de dentro de um urso de peluche gigante, a vestir um body que recriava igualmente outro urso de peluche, e arrasou com uma actuação vibrante do single "We Can't Stop". Dançou, deu palmadas no rabo de uma das suas dançarinas, deitou a língua de fora e foi polémica ao conjugar os supostos elementos geralmente associados à infância (peluches) com uma atitude sexy e ousada, a apelar à sexualidade e à diversão. De seguida, despe-se, fica com uma espécie de bikini de látex cor de pele e começa a interpretar um dos maiores êxitos do ano "Blurred Lines", com Robin Thicke. Se não bastava a atitude electrizante do início da performance, a Miley ainda deixou as pessoas de queixo mais caído ao twerkar com o rabo espetado para Robin Thicke. A ajudar à festa ainda deu um uso muito pervertido a um dedo de esponja gigante que envergava numa das mãos. Claro que as mentes conservadoras levaram logo as mãos à cabeça e afiaram as línguas para acusar a Miley de mau exemplo para as crianças. Mas que crianças? É que ela não está aqui para ser um exemplo para ninguém, não foi isso a que se propôs e obviamente o público dela já não é o do Disney Channel, mas isso ainda custa a entrar na cabeça das pessoas que acham que ela como foi uma menina Disney uma vez, tem que ser para o resto da vida. Já estou a imaginar a Miley com 80 anos com uma bengala e as pessoas a dizer "OMG usar bengala não é exemplo para os jovens que podem usar o objecto para se agredirem!!!! A Miley é um mau exemplo!!!!!". Os VMAs eram para ser supostamente o grande regresso da Lady Gaga às performances, mas essa foi eclipsada por completo pela Miley que deu que falar durante semanas a fio, imagens dela proliferaram por toda a internet e pelos noticiários do mundo todo. Publicidade grátis... o que nunca é demais visto que é promoção para a qual a editora discográfica não tem que desembolsar um único tostão. Mesmo que não seja um bom exemplo ou uma role model, a Miley é certamente um génio do marketing!
Biggest Flop of the Year
"BRITNEY JEAN" vs. "ARTPOP"
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Eu nem sei por onde começar, quando se trata de falar dos flops eu até tenho pena. Enfim! Britney Spears e Lady Gaga, dois dos nomes incontornáveis no panorama musical, lançaram os respectivos projectos este ano: "Britney Jean" e "ARTPOP". Verdadeiras desilusões em todos os prismas. O primeiro (precedido pelo épico single "Work Bitch") foi a maior desgraça do ano e da carreira da Britney. A reunião da eterna princesa da pop com 'amigo', e produtor executivo do álbum, Will.I.Am não seguiu a tendência de "Scream & Shout" e foi um fracasso de vendas. Em parte devido à falta de promoção, "Britney Jean" (o suposto álbum mais pessoal da cantora até à data) falha pois não cria uma ligação com o público no geral. Se "Work Bitch" tinha tudo para ser uma das músicas mais marcantes do ano, o facto de não ter tido uma única performance fez com que o desempenho ficasse aquém do esperado. Hoje em dia, só o nome 'Britney Spears' não vende. As pessoas e os fãs têm de a ver actuar, têm de sentir que existe um esforço por parte do artista que gostam e isso não aconteceu. Mas pelos vistos não houve qualquer tipo de preocupação e esse desinteresse da Britney, que já vem a ser demonstrado há muito tempo, reflecte-se obviamente no desempenho comercial e na carreira da princesa do pop. Muito honestamente, ela está mais virada para ser mãe do que propriamente ser a popstar mais relevante do planeta como chegou a ser há anos atrás. As canções no geral não foram inovadoras, se em tempos Britney e os seus produtores foram trendsetters neste momento seguem eles algumas tendências que estão prestes a cair em desuso, como por exemplo o excessivo EDM. O álbum foi forjado à pressa com a promessa de um espectáculo grandioso em Las Vegas. Foi anunciada essa residência de 2 anos no mesmo local, o que para Britney caiu que nem ginjas. Só o facto de não ter que fazer uma tour mundial, até a deixou mais confortável. Sempre tem mais tempo para ir ao seu Starbucks e para ficar bored, como ela recentemente revelou que gosta de estar de vez em quando. Quem diria?!
Já com Lady Gaga aconteceu precisamente o oposto: ela falou do álbum até à exaustão, performou vezes sem conta, prometeu uma obra de arte moderna e no final não foi mais do que um flop dos grandes. Pois é, "ARTPOP" foi uma desilusão, primeiro porque musicalmente não ofereceu nada de novo nem de relevante, depois porque a visão artística de Gaga perdeu o leme. Cheia de si própria e pretensiosa como só ela, tentou gerar um hype em torno de um álbum dito "revolucionário" e nisso falhou redondamente. A inspiração que teve em tempos e o factor surpresa de qualquer aparição pública desapareceram com a dissolução de Haus of Gaga, a equipa que lhe criou os looks mais icónicos e a estética espalhafatosa pela qual é conhecida. Agora qualquer tentativa de surpreender não passa de simples desespero. Ela tentou de tudo e é natural que o tenha feito, uma vez que deve sentir nos ombros o peso dos milhares de dólares que a sua discográfica investiu num projecto que depois não deu frutos. Pelo menos tenta, pena que não resulte.